Diagnóstico precoce e tratamento correto  asseguram chance de cura

Diagnóstico precoce e tratamento correto asseguram chance de cura

 

O câncer de colo de útero é o terceiro mais frequente da mulher. A estatística mundial mostra uma morte a cada dois minutos e no Brasil registra 6.000 mortes por ano e 16.000 novos casos. Só não é superior em incidência ao câncer de pele e ao câncer de mama. Para falar deste assunto, a entrevista é com o médico ginecologista Cléber Sérgio. Ele é coordenador do departamento de oncologia ginecológica e supervisor da residência de mastologia do hospital Hélio Angotti.

 

Como é contraído o câncer do colo de útero e suas principais consequências?

Este câncer se relaciona com a transmissão sexual de um vírus denominado Papilomavírus Humano (HPV). Portanto, relações sexuais desprotegidas, multiplicidade de parceiros e promiscuidade sexual são os principais fatores de risco para contrair HPV. Tem incidência crescente com pico entre 35 e 45 anos e cerca de 15% dos casos ocorrem após os 65 anos de idade. As consequências de qualquer câncer dependem da fase que é diagnosticado. O câncer de colo é traiçoeiro e não apresenta qualquer sintoma nos estágios iniciais, pode levar à perda da fertilidade pela retirada do útero e até a morte. Nesse caminho pode ocorrer alterações da função sexual, insuficiência renal, dores incapacitantes, hemorragias, fistulas entre a bexiga e a vagina e entre o intestino e a vagina.

Fala-se muito em diagnóstico precoce. Ele realmente é um forte aliado no combate à doença?

Infelizmente existe uma alta taxa de mortalidade devido à grande parte dos diagnósticos serem feitos em estágio avançado da doença, onde já se perdeu a janela de oportunidade de cura. Múltiplas causas estão por trás dessa realidade: dificuldade de acesso ao exame de Papanicolau, resistência da população feminina em se submeter ao exame, que é inócuo, falta de um programa de rastreamento com cobertura populacional das mulheres alvo e políticas públicas de saúde que garantam o diagnóstico e o encaminhamento dessas pacientes a centros de referência. De todos os cânceres, o do colo uterino é o único capaz de ser prevenido. Com toda certeza, todas as mulheres que se submetem anualmente a exame de qualidade e visita ao ginecologista não desenvolverão o câncer do colo de útero.

Quais os caminhos a serem percorridos para prevenção e tratamento?

O Papanicolau é o exame de triagem universal seguido da colposcopia, onde se realiza uma biopsia para confirmação do diagnóstico. O câncer de colo uterino e traiçoeiro por não apresentar qualquer sintoma nos estágios iniciais. A doença em estágio avançado apresenta corrimento vaginal de cheiro fétido e sangramento vaginal anormal. A prevenção se faz através de hábitos sexuais seguros, com uso de preservativo, a realização de exames citados, que conseguem diagnosticar a doença pré-cancerosa e através da vacinação contra o vírus HPV disponível nas escolas e Unidades Básicas de Saúde -UBS- para meninas de 9 aos 14 anos e meninos com idade entre 11 e 14. Essa vacina é aplicada em duas doses com intervalo de 6 meses entre a primeira e a segunda dose, assegurada pelo Ministério da Saúde. Cerca de 20 milhões de adolescentes encontram-se nessa faixa etária. A principal forma de tratamento do câncer do colo uterino é uma cirurgia extensa que envolve a retirada do útero levando a esterilidade. Raríssimos casos diagnosticados de forma muitíssimo precoce permitem a preservação da fertilidade com uma cirurgia menor que preserva o útero e retira apenas parte do colo uterino.

O que o hospital Hélio Angotti oferece neste caso?

O hospital dispõe de corpo clínico completo e qualificado para realização das cirurgias, radioterapia e quimioterapia. Dispõe também de serviço de psicoterapia para acompanhamento emocional das pacientes e orientações para os acompanhantes. O laboratório do Hospital analisa mensalmente cerca de 1.500 exames de Papanicolau coletados em UBS de Uberaba e de mais 27 municípios. Cerca de 5% destes exames apresentam alterações pré-cancerosas, que submetidas ao tratamento adequado oferecido pelo HHA, impedem a evolução do câncer. Todos os pacientes são convocados para complementação diagnóstica pelo serviço de colposcopia e posteriormente recebem o tratamento específico por parte do setor de oncologia ginecológica.

Formações Academicas:

Cléber Sérgio da Silva, médico ginecologista e mastologista formado pela UFTM, título de Especialista em Ginecologia pela Sociedade Brasileira de Ginecologia; especialista em colposcopia pela Sociedade Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia, Mestre e Doutor em Ciências da Saúde com temas ligado ao HPV, especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia, fellow no Instituto Europeo di Oncologia (Milão) e pós-graduação no Hospital de Câncer de Barretos em Oncoplástica Mamaria.