A EVOLUÇÃO DAS CAMPANHAS EDUCATIVAS DE ENFRENTAMENTO AO CÂNCER

A EVOLUÇÃO DAS CAMPANHAS EDUCATIVAS DE ENFRENTAMENTO AO CÂNCER

Se hoje em dia com apenas alguns cliques temos acesso a uma infinidade de informações sobre o câncer, desde o que é a doença, até os fatores de risco, prevenção e tratamento, antigamente não era bem assim. Mas, nem por isso, as campanhas educativas deixavam de existir.

Segundo o INCA – Instituto Nacional do Câncer, as primeiras ações educativas sistemáticas relacionadas ao câncer, no Brasil, surgiram na década de 1940, principalmente graças ao envolvimento dos médicos Mario Kroeff, no Rio de Janeiro, e Antônio Prudente, em São Paulo. Na maioria das vezes, essas campanhas traziam a figura do caranguejo, símbolo do câncer, associada à outras imagens como vítimas aterrorizadas, associações do combate à doença a uma batalha, guerras, etc.

O presidente do Hospital Hélio Angotti, médico mastologista Delcio Scandiuzzi, lembra que não havia tanta informação quanto hoje em dia. “Quando eu era estudante não sabia que o cigarro causava câncer e as doenças cardiovasculares, quase não havia trabalhos sobre isso. Depois vimos que o cigarro é responsável pelos cânceres das vias respiratórias, da bexiga, entre outros tantos. Foi com o tempo que a forma de falar de câncer mudou. O medo da doença foi transformado com as informações que passamos a ter”, explicou o médico, ressaltando que isso impactou na maneira de combater a doença.

Em Uberaba, esse trabalho de conscientização começou antes mesmo da criação do hospital referência no atendimento a pacientes oncológicos. O médico Hélio Angotti já fazia campanhas educativas (foto) na década de 1950. Tais eventos foram fundamentais para a construção do hospital que, anos mais tarde, levaria o nome dele. Aliás, as propagandas relacionadas ao combate ao câncer também tinham esse objetivo: angariar fundos para as instituições filantrópicas.

O tempo passou e as informações sobre o câncer se modernizaram, assim como os tratamentos e equipamentos utilizados no combate à doença. Assim, toda a publicidade das campanhas se voltou para a necessidade de termos uma vida mais saudável, o conhecimento dos fatores de risco e da importância do diagnóstico precoce. “A gente sabe hoje que não existe um alimento que causa câncer e nem um alimento que cura o câncer, mas sim, que hábitos saudáveis reduzem a chance de termos a doença. Não existe vacina para prevenir o câncer, mas existe para combate-lo, que é a imunoterapia”, ressaltou Scandiuzzi. A imunoterapia, citada por ele, ativa o sistema imunológico para destruir o câncer e já é uma realidade no tratamento da doença.

E essa evolução na maneira de falar e de tratar o câncer não para de acontecer. Delcio antecipa que, dentro de alguns anos, “a gente vai ter teste genético pra saber dos nossos riscos de termos câncer e todo o trabalho de prevenção e combate será feito em cima disso. Teremos exames mais especializados, como a biópsia líquida, através de exame de sangue”.